Tecnologia afeta tendências de comportamento e consumo; conheça os principais drivers de inovação e prepare-se para conquistar os clientes
Nos próximos anos, a combinação de avanços tecnológicos, mudanças demográficas e preocupações com o meio ambiente terá um grande efeito sobre o comportamento de compra dos clientes. Ao mesmo tempo em que essa combinação de forças traz ameaças aos negócios, também pode ser uma fonte de grandes oportunidades.
Estudos no Brasil e no exterior têm procurado levantar quais são as grandes tendências de consumo para 2020 e além. Entre os movimentos que se destacam estão:
O impacto do 5G
A influência da tecnologia 5G de conectividade foi um dos principais temas do Web Summit, um dos principais eventos de inovação do mundo. Ela pode ser considerada, sem exagero, como o ponto de partida de uma nova Revolução Industrial, comparável à computação pessoal ou à eletricidade. Para Ronan Dunne, VP Executivo da Verizon, a 5G é uma revolução exponencial que se baseia em características como a maior capacidade de transmissão de dados, a possibilidade de conexão de grande quantidade de dispositivos com baixo tempo de latência e a maior eficiência energética. Com grande parte do mundo ganhando acesso ao 5G em 2020, abrem-se as portas para carros autônomos, acesso em alta velocidade a conteúdos online em qualquer lugar e novas aplicações de Internet das Coisas, todas com grande impacto sobre o e-commerce e o varejo em geral.
Inteligência Artificial
O tema já está no discurso de 10 em cada 10 executivos de varejo, mas 2020 é o ano em que mais aplicações efetivas dessa tecnologia ganharão espaço. Essa também é uma revolução para o varejo, pois os consumidores passam a exigir que as empresas aproveitem os dados que já possuem e sejam muito mais inteligentes no relacionamento. O uso intensivo de IA tem outras consequências, nem sempre tão positivas: o governo chinês tem usado recursos de Inteligência Artificial para identificar os manifestantes em Hong Kong. Mas o fato é que a tecnologia se tornará fundamental para entender e prever o comportamento das pessoas.
Privacidade em alta
Com o amplo volume de informações disponíveis sobre as pessoas, tem havido uma crescente preocupação com uso dos dados. O escândalo da Cambridge Analytica abriu os olhos para o fato de que a informação pode ser usada de maneiras imprevistas, nem sempre para o bem da população. Para Edward Snowden, esse é um debate essencial para o futuro da humanidade.
Sustentabilidade, agora para valer
Ficou para trás a percepção de que a preocupação com o meio ambiente é coisa de “ecochato”, ou que seja apenas um discurso bonito. O impacto ambiental das marcas, produtos, serviços, cadeias de suprimentos e processos produtivos terá, em 2020, uma importância ainda maior na decisão de compra dos consumidores. A ansiedade em relação aos problemas climáticos é uma realidade e gera o desejo de limitar ou reverter os dados causados ao ecossistema. Para lidar com isso, o varejo precisa criar novas estratégias e comunicar suas ações de proteção ao meio ambiente.
Outro aspecto em que essa tendência se reflete é o uso cada vez maior de fontes alternativas de energia pelas empresas. O varejo tem se posicionado, seja colocando painéis solares no telhado de suas lojas, seja buscando formas de impactar positivamente os clientes, e, nesse movimento, mudado seus modelos de negócios. Um bom exemplo é a rede sueca de móveis IKEA, que anunciou que, até 2030, só venderá produtos que sejam recicláveis ou feitos de material reciclado.
O varejo reinventado
Todos esses vetores de transformação desembocam no varejo, que é o grande tangibilizador do posicionamento de marcas, produtos e serviços. Por isso, nos próximos anos veremos transformações ainda mais intensas no setor. Algumas mudanças já começaram a ocorrer, como o desenvolvimento de fintechs pelo varejo, o uso intensivo de dados para compreender os clientes e entregar melhores soluções e o omnichannel, viabilizado pelo fluxo intenso de informações e pelo uso ético dos dados dos consumidores.
A reinvenção do varejo passa pelo questionamento de pontos considerados básicos, como o preço fixo. A Amazon foi pioneira na adoção da precificação dinâmica, diversas redes supermercadistas contam com aplicativos que oferecem produtos a preços especiais para os clientes de acordo com suas características de consumo e existem modelos de negócios que dão ao consumidor a possibilidade de precificar o produto segundo o que ele pensa que vale.
Com o crescimento da compra por dispositivos móveis, o papel da loja física muda e o consumidor passa a exigir cada vez mais experiência no PDV. Ao mesmo tempo, o e-commerce se torna onipresente. Afinal, qual é a diferença entre online e offline se o cliente está sempre conectado? Saber aproveitar essa tendência e desenvolver lojas físicas que operem como um e-commerce, e e-commerces que operem como lojas físicas, é um caminho importante para encantar o consumidor.