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Quebrando barreiras para ser quem se é

VTEX
VTEX June 23, 2021
Quebrando barreiras para ser quem se é

Paulo e Raony contam um pouco de suas trajetórias de identificação e como enxergam um futuro diverso e inclusivo no ecossistema de digital commerce.

Além da diversidade de identidade, gênero e orientação, a comunidade LGBTQIA+ é heterogênea também nas suas histórias. Cada indivíduo tem uma trajetória de vida, uma rede de apoio, suas próprias experiências e, principalmente, motivos únicos para se orgulhar.

Uma narrativa bastante comum na comunidade é a necessidade de quebrar barreiras para poder ser quem se é. Trouxemos aqui os depoimentos de dois engenheiros de software da VTEX que pertencem à comunidade e têm histórias de sucesso para contar. 

Paulo Vinicius Soares é natural de Mossoró (RN), “terra do petróleo, do sal e também do melão”, mas mora atualmente em João Pessoa (PB). É engenheiro de software com foco em front-end e está na VTEX desde outubro de 2019. 

Raony Benjamim de Assis Alves tem 31 anos e é de Recife (PE). Ele trabalha há 6 meses como engenheiro de software na VTEX. Assim como Paulo, ele faz parte do grupo de afinidade LGBTQIA+ dentro da VTEX e também se identifica como homem gay cisgênero.

A seguir, Paulo e Raony vão falar de momentos marcantes de suas trajetórias como pessoas LGBTQIA+ e contar como imaginam um futuro diverso e inclusivo para o ecossistema de tecnologia e de digital commerce.

Você se recorda de momentos que marcaram sua vida por pertencer à comunidade LGBTQIA+? Que marcas essas vivências deixaram?

Paulo: Acredito que a maioria dos momentos é marcada por desafios, confrontos de identidade e alguém falando que tem algo de errado com você. Os primeiros momentos sempre me trazem à memória algumas pessoas, que me faziam acreditar que eu seria castigado por sentir algo que não posso controlar, ou até mesmo pelo meu jeito de falar, agir, cantar, etc. Outros momentos são relacionados à família, que não sabe lidar com a situação por falta de conhecimento, medo do preconceito do mundo exterior e acaba te ferindo das mais diversas formas possíveis. A parte boa foi na universidade, quando eu me encontrei e conheci outras pessoas LGBTQIA+ que acabaram se tornando uma espécie de grupo de apoio e acolhimento. Pelo fato de passarmos por diversos problemas semelhantes, fomos nos apoiando e buscando essa força.

Raony: Acho que as situações que mais me marcaram — e ainda marcam — são as violências recorrentes sofridas pela comunidade LGBTQIA+. Todas as vezes que eu vejo notícias sobre pessoas que foram atacadas somente por serem quem elas são, fico muito mal. 

Quando você se identificou como pertencente à comunidade LGBTQIA+? Como foi esse processo? Você teve que superar algum tipo de situação ou preconceito? 

Paulo: Embora eu me identificasse desde cedo como menino que gostava de meninos, levou um tempo até me aceitar como gay — processo que veio através da desconstrução da imagem estereotipada que é criada ao redor do gay — e por conseguinte me aceitar como parte da sigla e entender a trajetória, a importância e as lutas que enfrentamos diariamente. Tem a ver com senso de coletividade, colaboração e união em prol de direitos, políticas públicas e representatividade nos mais diversos âmbitos. Todos devemos lutar para manter e conquistar mais direitos para a comunidade, aumentando o leque de escolhas para essas pessoas, seja no âmbito profissional, pessoal, familiar ou religioso. Devemos assegurar os direitos de todos os cidadãos.

Raony: Eu sabia que era diferente desde os meus 4 anos, mas o meu processo de identificação foi bastante complicado e cheio de incertezas. Cresci em uma cidade pequena do estado de Pernambuco e minha infância foi bem difícil, porque eu sempre era diferente das outras crianças. Sofri muito bullying pelo meu jeito e minha forma de falar, não só na escola, mas também na minha própria família. Então, para me proteger, acabei criando um “escudo” para os meus sentimentos e basicamente escondia ali tudo o que tinha a ver com quem eu era. Só fui me enxergar como integrante da comunidade LGBTQIA+ na vida adulta, por volta dos 23 anos. Então, levei todo esse tempo para parar de lutar contra quem eu era e começar a me aceitar. 

Do que você tem orgulho hoje? O que o faz ter orgulho de pertencer à comunidade LGBTQIA+?

Paulo: Hoje tenho muito orgulho do fato de a comunidade estar se conscientizando cada vez mais e se mobilizando em prol da conquista de direitos e da luta pela visibilidade. Cada vez mais, estamos ganhando espaços para contar as nossas histórias, sermos ouvidos e também representados na política, onde a mudança realmente acontece. As novas gerações estão mais engajadas politicamente e cobrando ativamente das pessoas que estas se eduquem, se conscientizem e que busquem compreender antes de espalhar ignorância e ódio. Além disso, existem pessoas magníficas na comunidade cujas vozes inspiram outras milhares, como Linn da quebrada, Liniker, Pabllo Vittar, Maite Schneider, Sophie Alpert, entre outros. São pessoas que inspiram e mostram que podemos ocupar qualquer lugar, independentemente de quem amamos.

Raony: Tenho orgulho de ser quem eu sou e de ter superado toda a discriminação que sofri. Mas acho que a parte que me deixa mais orgulhoso é a minha fé na humanidade. Já vi coisas bem pesadas ao longo da minha infância e adolescência, e ser capaz de acreditar que existe algo bom nas pessoas me deixa muito feliz. Isso se deve, em grande parte, a todo o apoio que recebi dos meus amigos e das pessoas da comunidade LGBTQIA+ que conheci durante meu processo de identificação. 

Imagine um futuro diverso e inclusivo para o ecossistema de tecnologia e de digital commerce. Como é esse futuro? Como você se vê nele? Que expressões do seu dia a dia estão presentes nesse futuro? 

Paulo: Eu imagino um futuro mais misturado, com a cara do Brasil. Quanto mais diverso, mais gente conseguiremos alcançar, correto? Uma boa diversidade de indivíduos envolvidos no processo de desenvolvimento faz com que nosso produto converse com todas as pessoas. Acredito que o primeiro passo para alcançar esse futuro é conseguir visualizá-lo, sonhar com ele e em seguida dar passos de volta ao presente tentando entender os caminhos que teremos de fazer para alcançá-lo. Estamos dando os nossos primeiros passos nessa caminhada e acredito que vamos conseguir impulsionar muito esse movimento de diversidade e inclusão, dada a nossa relevância nesse mercado.

Raony: Vejo um futuro mais diverso e inclusivo como um lugar onde todas as pessoas possam trabalhar juntas e se respeitar, independentemente das diferenças. Um futuro em que as pessoas possam realmente escutar umas às outras e construir relações sólidas e conversas potentes. Um futuro em que todos possam crescer juntos de modo mais igualitário, pois acredito que todas as pessoas devem ter oportunidades para crescer e ser a melhor versão de si mesmas.

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