Culture

A importância de referências LGBTQIA+ no ambiente de trabalho

Bárbara Lobianco
Bárbara Lobianco June 16, 2021
A importância de referências LGBTQIA+ no ambiente de trabalho

Se você tivesse que listar cinco séries ou filmes com personagens que se identificam como LGBTQIA+, o que viria à sua cabeça? Glee, Modern Family, Orange is The New Black, Pose, são algumas das respostas possíveis que você pode ter encontrado.

Mas alguns desses nomes saem da lista imediatamente se pensarmos em quantos são personagens principais, ou quantos são retratados em ambiente de trabalho. E a lista fica ainda menor se procurarmos por personagens LGBTQIA+ que sejam mulheres negras, por exemplo.

Estamos falando de ficção, atores interpretando papéis escritos por roteiristas para construir uma história inventada. Se falarmos da vida real, nosso dia a dia, quantas pessoas você conhece no trabalho que fazem parte da comunidade LGBTQIA+? Quantas estão em posição de liderança?

São muitas perguntas, e não esperamos que você responda todas elas, mas que termine de ler este texto sabendo quais perguntas fazer para mudar isso.

Entendendo o sentimento de pertencer

Considerado uma necessidade emocional do ser humano, o sentimento de pertencimento, de ser reconhecido e aceito como membro de um grupo, está ligado diretamente à sua construção de identidade, comportamento, hábitos e gostos. Estamos falando de grupos na escola, nos esportes, religião, jogos on-line, e de trabalho também, entre muitos outros.

Ao mesmo tempo, o sentimento de pertencer não envolve apenas o ato de estar em um grupo, propriamente dito. Na verdade, é necessária uma participação ativa, um esforço de ambos os lados em se comprometer com a causa da comunidade e ajudar uns aos outros com os problemas que vierem a aparecer, construindo confiança e conexão emocional.

Um estudo da University of Central Florida, mostrou que um dos principais fatores que levam a comunidade LGBTQIA+ a participar de eventos relacionados à causa é justamente o sentimento de pertencimento, de estar entre a comunidade, e a conexão afetiva que é compartilhada.

E por que isso é importante?

Bem, o que você dizia, quando criança, que gostaria de ser quando crescesse? Quais papéis você representava em suas brincadeiras com os amigos? Com certeza, algumas das suas respostas estão diretamente relacionadas aos programas de televisão que você assistia, às histórias que seus familiares contavam, ou mesmo ao que você observava do seu núcleo familiar e amigos próximos.

Se trouxermos a mesma questão para este momento, você provavelmente se inspira em alguma figura pública com relação ao trabalho, conquistas e metas. Pode ser do âmbito político, social, religioso, dentro da empresa em que trabalha, seu círculo de amigos ou mesmo celebridades.

O ponto a que queremos chegar é: os modelos e influências que temos durante a vida fazem parte da construção da nossa identidade, sonhos, metas, ideias e opiniões. E se, no caminho, não encontramos pessoas parecidas, que dividam experiências, frustrações e ambições similares, o sentimento que temos é de que não há lugar para nós, que precisamos mudar nosso jeito de ser, nos adaptar, ou não seremos vistos, ouvidos e reconhecidos.

Segundo as pesquisadoras do estudo que citamos anteriormente: “Enquanto o sentimento de pertencimento de uma comunidade maior é importante, a conexão emocional e a experiência compartilhada pelos indivíduos presentes em um evento têm mais impacto.”

O ato de fazer parte de uma comunidade não constrói, sozinho, um sentimento de pertencer a ela; cada um de nós molda seu espaço dentro dela ao compartilhar experiências e interagir com outros membros.

A influência em espaços de trabalho: falando de representatividade

Se o sentimento de pertencimento está diretamente ligado ao compartilhamento com outras pessoas do grupo, então encontrar pessoas LGBTQIA+  no mesmo ambiente de trabalho que você indica um espaço seguro.

Importante destacar que “fazer parte do grupo abertamente” não significa obrigar ninguém a falar sobre a sua sexualidade por aí. Na verdade, trata-se de dar liberdade aos colaboradores para serem eles mesmos, sem ações e discursos presos a estereótipos ou papéis engessados. 

Ao dar essa liberdade, estamos justamente no caminho de desconstruir todos esses estereótipos e mostrar que ser um colaborador LGBTQIA+ não altera em nada o desenvolvimento do trabalho, entregando resultados e construindo soluções em suas equipes.

Quando temos influências LGBTQIA+ no ambiente de trabalho, principalmente em posições de liderança, estendemos o sentimento de pertencimento para que ele possa alcançar até os que não se sentem confortáveis em fazer parte da comunidade abertamente e abrir caminho para que reconheçam o espaço seguro. 

Além disso, torna tangível para outras pessoas que se identificam com aquele líder, que um dia, eles também possam alcançar tal posição, e que durante essa trajetória  é possível ter respeito, aceitação e reconhecimentos.

Se uma empresa tem um espaço seguro para a comunidade LGBTQIA+ internamente, (ao promover debates, palestras, grupos de afinidade) e externamente, sendo uma aliada na causa, ela atrai o interesse de mais pessoas da comunidade em se candidatarem para o time, entendendo que é um espaço inclusivo e seguro.

A necessidade do espaço seguro

Para contextualizar o tema no espaço de trabalho, a Catalyst compartilhou uma pesquisa de 2017 feita pela Fundação Robert Wood Johnson, em que 20% dos colaboradores norte-americanos LGBTQIA+ entrevistados disseram que foram discriminados com base em sua orientação sexual ou identidade de gênero ao se candidatarem para vagas. É indispensável acrescentar que, desse total, 32% são LGBTQIA+ negros e 13% são LGBTQIA+ brancos.

A mesma pesquisa mostra que os colaboradores transgêneros passam por diferentes tipos de discriminação, incluindo perguntas incômodas e o uso incorreto dos pronomes.

Para garantir o bem-estar da comunidade LGBTQIA+, uma empresa precisa ter uma política inclusiva, com um olhar atento para recrutamento e retenção de colaboradores desse grupo, oferecendo o mesmo benefício para todos, além de desenvolvimento profissional e acesso à informação.

Reconhecer as influências no ambiente de trabalho e buscar por mais representatividade nelas é fundamental, mas vale lembrar que também é necessário preparar os colaboradores para  serem a influência que se busca e assim criar um espaço seguro, diverso e inclusivo.

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