Estar à frente de uma pequena startup ou liderar um time em uma grande unicórnio? Gustavo, conta quais são as principais diferenças – e semelhanças – entre essas duas experiências profissionais.
O destino reserva planos surpreendentes para nós. Sempre trabalhei com tecnologia e comércio eletrônico, fui engenheiro de software por muitos anos e nunca havia me passado pela cabeça empreender. Mas vários “detalhes” (melhor dizendo, pequenas decisões e grandes riscos) me levaram a abrir a primeira empresa em 2010.
Durante essa jornada empreendedora, outros “acasos” foram surgindo. Em 2016, o destino novamente ligou alguns pontos e nasceu a Biggy, startup que ajudei a fundar e na qual cuidava de produtos. Em 2019, fomos adquiridos pela VTEX, onde hoje sou responsável pelo time de Search & Personalization.
Olhando para trás, as decisões tomadas parecem óbvias, pois cada ponto se encaixou perfeitamente para conseguirmos chegar no “final feliz”. Mas lembro que a realidade foi bem diferente. Por mais que tenhamos confiança nas decisões, não existe estabilidade, e para dar certo a gente foi agindo, errando, assimilando e ajustando ao longo do caminho. “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo”, disse Peter Drucker. Aprendi isso na prática, empreendendo, e é assim que enxergo hoje a responsabilidade de uma pessoa encarregada de produto, seja em uma startup ou em uma grande empresa.
O dia a dia é muito diferente?
Qualquer profissão e negócio tem seus próprios desafios e oportunidades de aprendizado. Já trabalhei como funcionário em empresas pequenas e grandes, como também já estive do outro lado, empreendendo e sendo responsável por elas. No fim das contas, o objetivo é o mesmo: resolver problemas. Entender o problema, questioná-lo, para muitas vezes desconstruí-lo e, aí sim, chegar a uma solução, que pode estar errada e que precisaremos ajustar ao longo do caminho.
Tanto na época da Biggy quanto aqui na VTEX, meu dia a dia é resolver problemas. Compartilho a seguir algumas das principais diferenças, seja no tipo do problema ou no desafio da solução, quando comparamos uma pequena startup com uma grande unicórnio.
Recursos e proximidade com o cliente
Como acontece na grande maioria das startups pequenas, nossos recursos eram extremamente escassos. A Biggy funcionava 100% no modelo bootstrapping – não tivemos investidores e brincávamos que “vendíamos o almoço para conseguir comprar o jantar”.
Essa escassez de recursos nos obrigou a ser extremamente precisos na tomada de decisões, pois cada linha de código, cada ação, cada pessoa no time contava muito.
Lá eu era responsável por definir o produto, servir o café e também atender o usuário na ponta. E ter essa proximidade com o cliente é de extrema importância, pois é aí que está o “ouro”, os melhores feedbacks em relação ao seu produto.
Mesmo agora, com mais recursos, sigo com o mesmo pensamento e atitude – e acredito que todo Product Manager deveria fazer o mesmo. Tempo e dinheiro devem sempre ser considerados como recursos escassos, e agir rápido, pensando em entregar o simples, iterando ao longo do tempo, pode ser uma boa estratégia.
Outro ponto fundamental, seja numa pequena startup ou numa grande unicórnio, é sempre se manter próximo ao cliente.
Comunicação
É muito mais fácil ter as coisas alinhadas quando dá para contar nos dedos todas as pessoas que trabalham com a gente. Normalmente, em startups, ficam todos na mesma sala, e a informação é automaticamente compartilhada em rápidas conversas. Isso facilita alinhamentos e traz agilidade no dia a dia.
Eu sentava na mesma mesa que os engenheiros e o pessoal de vendas. Isso era muito positivo, pois conseguia ter diferentes percepções de como o produto estava indo e também visualizar possíveis caminhos que poderíamos seguir a partir dos feedbacks. Só que, às vezes, essa configuração gerava muito ruído entre as partes.
Quanto maior a empresa, mais complexa é a forma de comunicação, e mais cuidado devemos ter com ela. Nesse quesito, ser específico no que se quer falar é crucial, pois cada palavra conta e deve ser muito bem pensada.
Hoje somos mais de mil pessoas em diferentes países, e o meu maior desafio é manter a boa comunicação entre meu time, as pessoas que trabalham comigo, e nossos clientes, sempre sendo transparente e alinhando expectativas.
Deixar de ser produto e virar feature
Nos últimos 12 meses, vejo que um dos maiores desafios de estar em uma unicórnio é mudar minha percepção do escopo e escalabilidade do meu trabalho.
Eu me lembro muito bem de uma conversa com o Geraldo, cofundador da VTEX. Logo nas minhas primeiras semanas de empresa, ele falou: “Você deixou de ser um produto e virou uma feature. Agora você faz parte de algo maior”. E esse ponto está relacionado ao escopo.
Na startup, meu mundo era delimitado, assim como as minhas responsabilidades com o produto que eu oferecia. Hoje, faço parte de algo que afeta diretamente outros times, e isso gerou um aprendizado muito amplo, do tipo que somente uma grande empresa poderia oferecer.
Escala também foi outro aprendizado que tive. Saí de aproximadamente 50 clientes em 4 anos de Biggy para mais de 500 em 12 meses de VTEX. E aqui não entra somente escala pensando em tecnologia, servidores, etc., mas também atendimento ao cliente, documentação, treinamentos, clientes do mundo inteiro com diferentes culturas e desafios de negócio. Tudo isso impactando a decisão que o produto deve seguir.
E agora, qual a melhor?
Existem milhares de outras diferenças na comparação entre pequena startup e grande unicórnio. Contudo, vejo que não existe certo ou errado, melhor ou pior. Cada uma delas poderá lhe oferecer muitos aprendizados, tanto profissionais quanto pessoais, mas de diferentes formas.
Talvez o segredo seja achar o ponto de equilíbrio. Minha avó costuma dizer que “Tudo que é demais sobra”, e não importa o sentimento, bom ou ruim. Se for em exagero, não é bom.
Vejo que hoje estou nesse equilíbrio, tenho a possibilidade de enfrentar desafios que somente uma empresa grande poderia ter, mas aplicando a mentalidade e a agilidade de uma pequena startup. E isso é possível pela experiência que desenvolvi na época da Biggy, aliada à cultura que existe na VTEX.
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