Nenhuma entrevista é trivial. Apesar do que dizem os textos inspiradores e as autobiografias profissionais com um toque motivacional, espero o dia em que vou conhecer alguém que não sente uma gota de ansiedade naqueles minutos nos quais a nossa vulnerabilidade atinge um nível crítico.
Naturalmente, como qualquer reunião importante, entrevistas recebem uma carga de pressão profissional com a qual quase todos nós estamos minimamente familiarizados. A sensação de que aquele curto espaço de tempo representa um divisor de águas ou uma encruzilhada na vida de alguém certamente não é para os fracos de coração.
Era assim que eu me sentia quando entrei, no início de 2019, em uma sala de Zoom para a minha primeira entrevista com a VTEX – como quem marcha para uma batalha, assim como vários outros antes de mim. Mas diferentemente desses vários outros (ou pelo menos da maioria deles), uma camada extra de receio pesava sobre mim.
Papo vai, papo vem, trocamos históricos, currículos, testes e, como era esperado, quiseram saber mais sobre mim e sobre a história que não cabe no currículo.
“Ai caramba, e agora? Estava indo tão bem” – é o primeiro pensamento que corre na minha cabeça. Toquei no assunto relacionamento, já procurando uma forma de desconversar.
– Sua namorada estuda com você? – Me perguntaram.
Pausei frente a uma pergunta que, para muita gente, seria ordinária, parte de uma conversa despretensiosa. Uma pausa que para os entrevistadores deve ter durado uns dois segundos, mas que para mim se estendeu por duas horas. Foi o tempo de pensar na pessoa que eu era e na empresa que eu esperava que a VTEX fosse. Muita ponderação cabe em dois segundos para quem passa tanto tempo esperando.
– Ele estuda sim, mas faz Adm, e eu, Economia, respondi.
– Ah, bacana! – Simples assim.
Como membro da comunidade LGBTQIA+ no Brasil, onde 35% dos profissionais alegam já ter sofrido discriminação no local de trabalho, segundo levantamento do LinkedIn, e com um histórico profissional de empresas conservadoras como o meu, eu torcia pelo melhor, mas esperava o pior sempre.
Dito isso, pode ser um choque que pessoas num meio profissional sejam tão acostumadas e receptivas à diversidade como meus entrevistadores se mostraram naquele dia.
Assim que acabou a entrevista, sentindo que já havia exposto o que havia de mais vulnerável em mim, compartilhei com amigos e com meus pais:
“Eu vou trabalhar nessa empresa. Se não for nessa área, vai ser na próxima, mas eu vou participar dessa cultura”.
Logo depois, me inscrevi em todos os processos de estágio da empresa, mas nem era necessário. Apesar do receio das pessoas com quem dividi a história da entrevista, me chamaram poucos dias depois para compor o time.
Isso tudo faz mais de um ano, o ano no qual eu comecei a construir uma história junto à VTEX com pessoas capacitadas, corajosas e transparentes, que potencializam justamente a diversidade entre nós.
Obviamente, nós, enquanto comunidade LGBTQIA+, ainda temos grandes conquistas pela frente. A mesma pesquisa do LinkedIn sobre discriminação profissional com base em identidade e orientação sexuais afirma que apenas 50% dos entrevistados LGBTQIA+ eram transparentes sobre sua sexualidade em seus empregos.
Mas se esse período na VTEX me ensinou algo, foi o poder da vulnerabilidade e que nenhuma trajetória de trabalho vai ser gratificante e completa se não for nos nossos termos, com a nossa verdade, com a nossa identidade.
A VTEX acredita na visibilidade e na igualdade.
Se você quer se juntar a um de nossos times e ajudar a construir um ambiente de trabalho mais diverso, confira nossas vagas.