Um relato sobre as novas conquistas da comunidade LGBTQIA+
Lembro-me do meu primeiro dia. De tão nervosa, quando cheguei lá, nem o café da manhã tomei. Era tudo novo, os novos estagiários que entraram comigo, o escritório com muito para se ver, um time novo, um mentor. Vieram as primeiras impressões, primeiras apresentações, primeiras tarefas, um dia inteiro de muitos “primeiros” e, no fim dele, uma primeira decisão também. Não iria anunciar minha sexualidade dessa vez.
Seria a primeira vez “não me assumindo” desde que aprendi o que não me assumir realmente significava. Porque, apesar de ter me assumido para minha mãe, nunca o fiz para o meu pai. Foi simples: pouco depois do término do meu primeiro namoro, um dia ao me chamar para o jantar, ele me perguntou se eu estava bem, e respondi perguntando se ele sabia que eu e ela namorávamos. A resposta que recebi, depois de um “não era óbvio?”, foi um “não importa quem seja, desde que faça minha filha feliz”. E nesse dia notei que não me assumir era, de fato, importante demais.
Não precisava fazer um anúncio porque não precisava da autorização de ninguém.
Então não me assumi. Nem para meu time, que, até então, era formado só por homens, ou para meu mentor, de quem me aproximei muito. Não sei em qual momento foi exatamente, mas lembro que, numa conversa antes de uma reunião qualquer, falávamos sobre relacionamentos e mencionei minha namorada. E não, não foi estranho. Eu, pessoalmente, não quis fazer um grande anúncio disso. E continuei “não me assumindo” nas conversas casuais dos happy hours.
Isso porque já tinha o apoio dos meus pais, e esse sempre foi o único que me importou. Dos privilégios que tenho, não me assumir foi o que escolhi. Mas ser branca, cisgênero e ter o apoio dos meus pais realmente tornou esse processo de aceitação bem mais fácil. Performar feminilidade me poupou, também, de situações embaraçosas.
Todos esses pontos me levaram a ocupar um espaço que não nos acolhe, que não é confortável para minorias e que evolui a passos mais lentos do que deveria. Me ver ocupando aquele espaço foi um começo importante, apesar dessa caminhada ainda não atingir os que mais são afetados e os que mais precisam – e deveriam – estar lá.
Representatividade importa
Pode parecer meio óbvio falar da importância da representatividade, mas só a notamos quando sua falta nos atinge. Afinal, como reparar em algo que você não vê e não sente? Por outro lado, como ocupar um lugar que parece não lhe pertencer? É desconfortável, não encaixa nos primeiros momentos – até que você vê uma mudança acontecendo.
Poucas semanas depois da minha entrada, meu time recebeu mais uma mulher desenvolvedora. Na semana seguinte, tivemos um evento para falar de diversidade. São passos pequenos.
Para as carestias das muitas minorias, contentar-se com esses pequenos passos não é, nem de longe, o ideal.
É importante reconhecer que é pouco, que o mais inclusivo e diverso ainda será pouco e que enquanto não for confortável para todo mundo, ainda não estará certo.
É celebrar, sim, as pequenas conquistas, mas deixar que essas abram espaço para outras ainda maiores. Entender que não é sobre ‘dar voz’, e sim ouvir e deixar falar as minorias que ainda não estão sendo ouvidas.
Então, escutemos e façamos nosso melhor para que essas vozes sejam cada vez mais altas.
A VTEX tem se empenhado em aumentar a conscientização entre seus colaboradores e o público externo.
Se você se importa, quer construir e fazer parte de um ambiente de trabalho mais igualitário, venha trabalhar conosco.