Gestão

Marc Randolph e como tolerância aos riscos pode ser fundamental na gestão de um negócio

Elias Bruno
Elias Bruno May 25, 2018
Marc Randolph e como tolerância aos riscos pode ser fundamental na gestão de um negócio

Até que ponto os riscos limitam suas tomadas de decisão e suas atitudes em sua empresa?

Essa pergunta é crucial para entendermos um dos principais insights passados por Marc Randolph, co-fundador e primeiro CEO do Netflix, em sua palestra no primeiro dia de VTEX DAY.

Mais do que lições de empreendedorismo e dicas para quem quer abrir uma empresa, sua apresentação trouxe insights valiosos para quem está a frente de um negócio.

Por isso, vamos focar em um dos pontos abordados por ele e que mais tem potencial para limitar a gestão de uma empresa: a relação com os riscos.

Riscos, medos e a importância dos testes

“You don’t need to be in Silicon Valley.”

Randolph deixa sua mensagem clara com essa frase. Mas o que isso tem a ver exatamente com os riscos?

Muitos empresários, diretores e CEOs acreditam que sua empresa deveria estar no Vale do Silício para atingirem o ápice do sucesso. Trata-se de uma meta bastante ambiciosa e que, de fato, pode orientar o crescimento de diversos negócios. Só que esse pensamento também traz um problema.

Almejar um objetivo como esses pode criar uma mentalidade muito perfeccionista, e o perfeccionismo pode ir contra à tolerância ao risco.

Até os líderes têm medo de arriscar, de colocar reputação, investimento e tempo em jogo a troco de um projeto ou processo que pode não dar certo. Ter esse receio é natural, mas, segundo Randolph, é o medo de não arriscarque pode fazer boas ideias surgirem e obterem sucesso.

E onde os testes entram na história?

A chave do pensamento de Randolph é que mesmo que uma ideia nasça ruim, ela pode se tornar boa ou gerar melhores ideias se tiver continuidade em sua execução. Não colocar em prática ou interromper os experimentos manterá aquele insight como ruim e sem chances de gerar novos caminhos.

Uma das principais formas de amenizar os riscos de erros são os testes. São os experimentos que reforçam os caminhos para o que dá certo ou não.

Randolph reforça que o primeiro passo é começar, e que é desperdício ficar pensando se determinada ideia é boa ou não.

Essa reflexão vai ao encontro do que ele pensa a respeito sobre a criação de modelos de negócio: um business não precisa nascer de uma grande ideia ou ser original ou complexo. Sua teoria ressalta que um insight precisa ser experimentado ou que, pelo menos, seja guardado, exercido ou iniciado da forma mais rápida possível após o seu surgimento – o importante é não correr o risco de esquecer, o que é bem comum quando não se é colocado em prática o quanto antes.

Somente após os testes que essas ideias poderão ser lapidadas. Afinal de contas, os o conhecimento dos pontos fortes e fracos de uma ideia diminuem as chances de erro e tornam mais evidentes os caminhos para os bons resultados.

Se arriscar pode ter um risco baixo

Recentemente, publicamos a quarta edição do eCommerce Talk, onde o assunto foi a Quarta Revolução Industrial. E um dos temas tratados foi justamente como os modelos de negócio crescem nessa era de disrupção.

Nesse novo cenário, boa parte das empresas passam a ter um custo baixo e uma velocidade de recuperação altíssima em relação aos erros.

Parte disso se deve a essas empresas serem soluções cloud based ou utilizarem serviços hospedados na nuvem, como o Slack para comunicação interna, a Resultados Digitais para automação de marketing ou a própria VTEX para a gestão/operação de digital commerce.

O ponto de interseção entre o podcast e a apresentação do Marc Randolph é que boa parte das empresas, atualmente, possuem um custo baixo e uma velocidade de recuperação altíssima em relação aos erros.

A questão é que basear novos desenvolvimentos na nuvem é muito mais seguro. Backups são mais fáceis de serem gerados e rollbacks mais simples de serem feitos – Isso sem contar as infinitas possibilidades de cruzar diferentes fontes de dados com big data e de usar isso em análises preditivas. Enfim, o fluxo entre a operação, a mensuração e os ajustes é mais rápido – o que traz mais segurança para cada risco assumido ou teste executado.

Ora, se Randolph incentiva que cada pessoa experimente suas ideias até elas se tornarem ou criarem soluções viáveis, o mercado passa a responder com um suporte muito maior para isso.

Estamos migrando, aos poucos, para um cenário onde a tolerância ao risco será maior. Afinal, a linha que separa um mindset de gestão mais conservador de um mais progressista tende a ser mais tênue, pois o impacto dos erros nos resultados de um negócio poderá ser menor (consequência de haver menos retrabalho, mais dados, mais inteligência, etc.).

Isso torna o pensamento de Marc Randolph cada vez mais plausível de ser colocado em prática.

Outros desafios destacados na palestra

É claro que, em 1 hora de palestra, não se falou apenas de tolerância aos riscos. O co-fundador da Netflix também contou um pouco da sua história; falou sobre como procurar nas dores de quem consome a fonte para boas ideias; ressaltou a importância do otimismo e na confiança para persistir em determinados projetos e processos; e afirmou que profissionais e empresários não precisam ser gênios ou terem treinamentos especiais para obterem sucesso em suas carreiras e negócios, entre outros temas.

Enfim, foi um dos conteúdos mais esperados e elogiados dessa última edição do VTEX DAY.

Nas próximas semanas, continuaremos com mais artigos e publicações sobre as principais apresentações do evento. Para acompanhar, siga também nossas páginas no Facebook e LinkedIn.

 

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