Estratégia

Saia das sombras (Shadow IT), a década do “IT Mirror” começou

Mariano Gomide de Faria
Mariano Gomide de Faria July 18, 2017
Saia das sombras (Shadow IT), a década do “IT Mirror” começou

A área de TI das empresas irá morrer. E por outro lado os programadores e técnicos vão tomar conta de toda a empresa. E justamente por isso uma área dedicada a tecnologia fará sentido. Em 20 anos será característica básica saber os mínimos atributos de programação. Mas o que ocorre neste período onde atualmente áreas de negócio não são técnicas e o período onde todos serão técnicos? É neste período que nasce o IT Mirror: uma fase de transição entre a estrutura organizacional padrão dos dias de hoje, onde o TI é a principal área matricial, para uma estrutura onde todos os funcionários além de suas funções também terão habilidades técnicas.

O diagnóstico

Há alguns anos atrás a área de datilografia era uma das principais áreas matriciais das empresas. Porém o computador pessoal chegou e nos fez ser todos datilógrafos. E com isso não precisamos mais dos “especialistas em digitação”. A mudança do perfil dos profissionais formados em 20 será drástica. Todos saberão programar. Assim como é requisito básico que todos saibam “digitar” ou “traduzir” inglês. Esta mudança de perfil impactará dramaticamente a área de TI.

Por que a área de datilografia morreu? Porque todos sabem datilografar (digitar) atualmente . Por que a área de tradução das empresas desapareceu? Porque o inglês se tornou básico para o perfil do profissional moderno. Por que a área de TI vai morrer? Porque todos em 20 anos serão programadores ou minimamente técnicos. O que isso muda no nosso dia a dia hoje ? Nada. Esta mudança será mais uma mudança que ocorre de forma lenta e os impactos no dia a dia são praticamente imperceptíveis. Os datilógrafos durante uma certa década eram a força motriz das empresas. Hoje ficou no passado. Hoje o TI é a força motriz do varejo. Um dia ficará no passado.

Conceitualmente há muito o que uma empresa do varejo pode fazer hoje em dia para surfar a onda da digitalização. A área de TI deixará de ser uma área e passará a ser função básica de todo gerente. O gerente de vendas, de marketing, de operações e o financeiro serão pessoas com habilidades técnicas. Isso levará uns 20 anos – porém é inevitável.

Estrutura organizacional batizada de “IT Mirror”

O que ocorre até esta geração de super treinados chegar a posições de gestão nas empresas? Como ainda não existem estes profissionais completos (programadores e que conheçam de marketing ou de vendas ou gerentes de marketing que saibam programar), no dia de hoje as empresas saciam suas demandas técnicas contratando cada vez mais pessoas técnicas para área de TI. Isso na grande maioria das vezes não resolve o problema. Apenas acentua o sintoma da ineficiência do setor de tecnologia da empresa. O contratar mais pessoas por si não é problema. O problema é criar áreas matriciais de TI tão grandes quanto a própria área de negócio. Sera que é eficiente? Quanto tempo se perde em ter que alinhar as coisas com o TI e/ou negócio? Burocratiza-se a empresa em processos e por fim criamos um elefante pesado, lento e caro.

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Nesta estrutura burocrática e lenta o Shadow IT nasceu como organismo de defesa. Tornando cada área de negócio praticamente um filho levado que desobedece a diretriz do TI e contrata seus próprios fornecedores de serviços de tecnologia mascarados em serviços/aplicações (o que o mercado cunhou de Shadow IT)

Minha proposta:

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Proponho uma nova forma de pensar. Uma forma que a área de TI é eliminada do organograma. O conceito do IT Mirror baseia-se em colocar ao lado de cada pessoa de negócio um par programador/técnico. Ou seja, os vice presidentes teriam seu par de tecnologia que espelharia (daí a sugestão do buzz word IT Mirror) todas as suas funções e trabalharia ao seu lado. Para que o IT Mirror funcione, o profissional de TI tem que ter a mesma remuneração e os mesmos bônus e metas que a pessoa de negócio. A minha proposta é que efetivamente todas as funções de management de uma corporação tenham seu respectivo IT Mirror, inclusive o CEO deve ter um “CEO IT Mirror”.

A princípio é fácil imaginar que a estrutura ficará mais cara. Mas o efeito real é inverso, a estrutura de custos de TI deixam de ser uma linha de Labor e Capex e passam a ser contabilizadas nas unidades de negócios fazendo com que os custos corporativos de G&A (câncer do varejo atual) diminuam significativamente. E os gestores Mirror IT estarão alocados na unidade de negócio e responderão pelos exatos KPI que seus pares gestores de negócio. Uma arquitetura de IT Mirror traz o maior de todos os benefícios, já provado em várias start-ups inclusive na VTEX (www.vtex.com), que é o sentimento de “non excuse environment” onde times de negócios não dependem mais de áreas matriciais para execução das ações. As pessoas simplesmente não tem estrutura para dar desculpa. O ganho de foco no negócio é brutal. O corporativismo diminui drasticamente.

Pergunte a qualquer pessoa em posição de gestão em varejo no Brasil ou América Latina, que trabalha em empresas internacionais, se a frase “já alinhou com o TI?” ou “já alinhou com o negócio?” não causa calafrios. Hoje o varejo só não é mais eficiente (estou falando em ganhar até 3% de margem) por que as áreas das empresas são muito matriciais e a interdependência é muito onerosa em custo financeiro e tempo.

“Talentos não suportam esta burocracia. E o mundo do varejo hoje em dia necessita mais talento do que massa. A forma de reter um talento é permitir que ele execute o que sabe da forma mais eficiente possível e para isso mitigar a dependência de áreas matriciais é fundamental. Retenha o talento dando liberdade de execução.”Sugestão de leitura do livro “Reinventing Organizations” de Frederic Laloux

As consequências desta nova estrutura

O conceito IT Mirror faz com que cada área cuide de sua unidade de serviço de forma completa, decidindo o que para aquela unidade é melhor em termos de soluções tecnológicas. Façam uma abstração e verão que o varejo nada mais é do que a composição de múltiplos micro-serviços. Desta forma você dará um passo na construção de diversas unidades de serviço autônomas (unidades estas que prestarão serviço para sua empresa e para outras do mercado – este assunto abordarei em meu próximo artigo). Permitindo assim que sua empresa tenha velocidade e foco em descoberta de aplicações de tecnologia que existem pelo mundo para melhorar a eficiência da unidade de negócio específica.

Com o IT Mirror o profissional técnico conhece o ramerrão do negócio e também busca sua ascensão de carreira na área de negócio específica fazendo-o cada vez mais focado e especializado. Esta combinação faz com que o valor agregado técnico a organização passe a ser focado em resultado (em vez de focado em projeto e gente). Isso é fundamental para ganho de eficiência operacional. Hoje em dia este foco se perde pois a área matricial de TI quer aumentar gente técnica para controlar budget para ter poder. No IT Mirror as áreas de negócio voam com liberdade operacional, o que chamamos de “full-stack squad”.

O profissional de Mirror IT

O maior orgulho do profissional de IT Mirror não é o conhecimento técnico, mas em que especialidade ele está inserido. Se ele é um profissional de IT Mirror da área comercial ou se é especializado em IT Mirror da área logística.

No IT Mirror a figura do CTO ou CIO desaparece. O líder máximo de tecnologia é o CEO IT Mirror que é o par técnico do CEO. Ambos respondem ao Board que de preferência deve ser também constituído de metade de pessoas com habilidades técnicas. A mudança mais dramática que proponho não é a da eliminação do head de tecnologia mas sim a eliminação por completo de metas da área de tecnologia. As metas são da área de negócio. O profissional de IT Mirror busca academicamente não somente melhorar suas capacidades técnicas mas sim conhecimento e soluções de mercado que melhorem a performance da unidade. Hoje isso não ocorre pois o profissional de tecnologia não se especializa em um negócio, pois para subir na carreira ele tem que ser bom em tecnologia de diversas áreas (estrutura matricial). Na minha proposta o profissional de IT Mirror subirá na carreira se agregar e se especializar na área de negócio. Existirão as carreiras de: Diretor de Operações IT Mirror, Diretor de Vendas IT Mirror, etc.

Uma área de TI eficiente hoje é aquela que sabe juntar peças do quebra cabeça das melhores aplicações do mundo. O IT Mirror garante que o Gerente de marketing e seu par Gerente de marketing IT Mirror atuem juntos a escolher as melhores aplicações de gestão de marketing do mundo. E assim por diante. Uma empresa não precisa de um grande e único sistema monolítico. Isso a realidade Cloud já fez desaparecer. Precisa sim de gestores de tecnologia de IT Mirror entrincheirados nas áreas de negócio promovendo decisões rápidas de negócio. Se um gerente de negócio quiser fazer uma análise de dados, o seu par, que está vinculado às mesmas metas, estará ao lado para auxiliar e resolver a questão no ato.

Conclusão Paradoxo: Os que conhecem de TI não conhecem do negócio e os que conhecem de negócio não conhecem de TI. O IT Mirror resolve está questão conceitual antes do tempo em que todos profissionais saberão programar.

O varejo está em guerra. E a guerra só vai piorar. As margens serão pressionadas mais ainda. Neste cenário as empresas precisam de agilidade e baixo custo de carrego sem citar mínimo ou zero CAPEX. A estrutura organizacional de IT Mirror permite que as empresas de varejo adaptem-se a esta mudança ganhando até 3% de margem no “bottom line”. Veja o balanço das grandes empresas de varejo e percebam que gastam entre 3% a 8% da receita com sua área de TI (capex e opex). Estes percentuais tem que chegar a níveis de 1.5% para garantir que se possa competir neste novo mundo digital.

Uma estrutura organizacional IT Mirror elimina a tecnologia como área matricial. O TI passa a ser integrante das áreas de negócios transformando as unidades em full stack team, criando um ambiente de alta eficiente tática com profissionais focados e especializados

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