O Brasil está na lista de “coisas para fazer antes de morrer” da maioria das pessoas; ou, pelo menos, deveria estar.
E por que não? Parece exótico como a Amazônia, divertido como New Orleans e simpático como os portugueses e espanhóis. Embora o timing fosse difícil para mim (o que significa que não tive tempo para visitar a Amazônia), fiquei muito entusiasmado e grato por ter sido convidado para falar durante o “VTEX DAY”, o maior evento de e-commerce da América Latina, com mais de 10.000 participantes e organizado pelo fornecedora da plataforma de e-commerce “VTEX”. A seguir, compartilho minhas reflexões, mas, resumindo, o Brasil deveria estar na lista de “coisas para fazer antes de morrer” de todas as pessoas!
O crescimento do e-commerce na América Latina está na casa de 2 dígitos desde 2015 e esta é a estimativa até 2020.
O Brasil é o país mais maduro em termos digitais, seguido pela Argentina e o México. O e-commerce, como um segmento do varejo, está crescendo, conforme se esperava. Esta taxa de crescimento acelerado e prematuro do Brasil pode estar apresentando ligeira queda.
Outro palestrante, Aron Bohlig, CEO da ComCap, empresa de investment banking para o varejo, fez o seguinte comentário: “O Brasil tem aparecido frequentemente nas manchetes com comentários ligados a problemas políticos e econômicos. Porém, nas dezenas de conversas que tive com varejistas, marketplaces e provedores de serviços, nada disso ficou evidente.” Todos os participantes estavam otimistas quanto ao crescimento de seu negócio de e-commerce.
Uma série de principais indicadores está orientando o crescimento do e-commerce no Brasil.
Marcas e varejistas estão ansiosos para aproveitar o aumento da demanda. As principais razões parecem resultar de uma combinação entre a melhora da confiança dos usuários na segurança, melhores ações de marketing por parte dos varejistas, e a situação econômica.
Fermin Caro, também da ComCap e que já morou em São Paulo, ficou impressionado com a extensão do ecossistema. Ao conversar com participantes do Chile, Colômbia, Argentina, Equador, México e Brasil, ele soube que todos registram um crescimento anual substancial, em grande medida devido às recomendações da plataforma de e-commerce e anfitriã do evento, a VTEX.
Os brasileiros possuem um ótimo equilíbrio entre confiança, humildade, sede de conhecimento e encantamento.
Sim, eu disse “encantamento”, e eles realmente incorporam isso! O empreendedorismo que notei na equipe da VTEX, bem como nos diversos parceiros, fornecedores e inovadores é impressionante. Às vezes, é perigoso pensar que, só porque a economia de um país ou setor não é tão moderna como nos EUA, sua capacidade de inovação é inferior. Isso não é verdade. As discussões e soluções foram tão atuais e avançadas como aquelas que presenciei na América do Norte e na Europa. A combinação entre confiança e humildade é um traço cultural extremamente atraente. Ela cria equipes motivadas que operam dentro da realidade e que, ainda assim, almejam o sucesso.
Os varejistas brasileiros lidam com as mesmas oportunidades e desafios existentes nos EUA.
barreiras que afetam o crescimento econômico, margens estreitas, concorrência (especialmente entre as lojas físicas e pureplays), omnichannel (uma experiência do cliente que acontece em qualquer lugar, a qualquer momento e por meio de qualquer canal), marketing digital, atribuição e aquisição e retenção de talentos. Apesar disso, ao conversar com líderes de empresas, achei muito animador o espírito de “podemos fazer isso” e “vamos fazer o que podemos, de qualquer jeito”.
Segundo Aron Bohlig: “Assim como a TaoBao e a Tmall, na China, e a Amazon.com nos EUA, a grande maioria das vendas de e-commerce são conduzidas através dos marketplaces, com domínio do Mercado Livre (semelhante ao eBay e presente em toda a América Latina) e da B2W (semelhante à Amazon.com e presente principalmente no Brasil). Marketplaces transnacionais desafiadores, tais como Alibaba e Amazon, estão ajudando a migrar mais vendas para o canal de varejo online através da oferta de novos produtos e novas opções de descobertas para os consumidores.”
Os povo brasileiro é genuinamente hospitaleiro e agradável
Não acredito que eles tenham recebido o infame treinamento de atendimento a clientes do Ritz Carlton, no qual as camareiras são orientadas a atender todos os pedidos feitos pelos hóspedes, do começo ao fim. Porém, é quase isso. Qualquer solicitação ou pergunta era recebida com o compromisso de “fazer acontecer” e concluir a tarefa. Isto é muito útil para eles no setor de serviços.
Em relação ao mercado de prestação de serviços, eu concordo com a observação de Aron: “Os varejistas ainda estão em um estágio inicial de seu esforço de prestação de serviços diretos ao consumidor. Em geral, a situação do e-commerce apresenta defasagem de cerca de cinco anos em comparação aos EUA. A América Latina tem países com diferentes idiomas, práticas culturais, e circunstâncias fiscais e logísticas, o que, obviamente, torna a venda nesse mercado muito desafiadora para os varejistas.
O panorama do setor de prestação de serviços na América Latina é altamente fragmentado e apresenta oportunidades para muitos. Por exemplo, existe um número muito maior de sistemas de ERP de varejo na América Latina do que nos EUA, onde a consolidação vem ocorrendo nos últimos quinze anos.
Por outro lado, a plataforma de e-commerce da VTEX domina o mercado, com mais de 1.000 clientes varejistas com vendas de $2 bilhões por ano. Embora existam cada vez mais integradores de sistemas e agências com foco no varejo, a maior parte do trabalho ainda é feita internamente pelos varejistas ou por prestadores de serviços profissionais generalistas. Mais uma vez, oportunidades para muitos.
Os brasileiros pensam e atuam de forma global e universal.
Eles se sentem representantes da América Latina e são responsáveis pela conexão com outros países da região. Durante uma sessão especial para convidados internacionais, os representantes de cada país foram convocados a se levantar, para que todos pudessem vê-los e conhecê-los.
Representar os EUA nesse momento foi o mais próximo que eu já estive de carregar a bandeira norte-americana durante as Olimpíadas. Também fomos recebidos pela Embaixada britânica – algo incomum para um evento de e-commerce. E essa é a questão. Não se tratava apenas de um evento de comércio eletrônico, mas de um evento global no qual as conversas foram além do e-commerce. Penso que os brasileiros realmente agem mais como cidadãos do mundo do que a maioria de nós. Eles são multilíngues, multiétnicos e multiculturais; São Paulo se assemelha a Nova York, com brasileiros latinos, asiáticos, brancos e negros que se misturam de forma justa e igualitária.
Então, embora a cultura e as bases já existam, ainda há muito trabalho a ser feito na linha de frente do e-commerce. Segundo outro conferencista, Chau Banks, CIO da varejista norte-americana New York & Company: “Os mercados sul-americanos/latinos parecem operar de forma independente e, por enquanto, não possuem um programa ou processo transnacional unificado claro e consistente – algo que precisará ser priorizado para que eles se tornem verdadeiramente globais. Existem também oportunidades de discussões e aprendizado em pagamentos e transações de carteiras, especialmente devido ao alto uso de aparelhos celulares nesses países.”
Richard Branson está na estrada, e suas mensagens são poderosas.
Esta foi a segunda vez que o vi falar em eventos importantes e, além do sucesso de seu negócio (300 empresas!) e seu amuleto visionário (a nave Virgin Galactic rumo ao espaço e a um futuro hotel espacial), ele está pessoal e basicamente focado em sua Fundação e em atividades beneficentes, para as quais ele direciona os honorários recebidos como conferencista. Veja: Virgin Unite, The Elders, Ocean Unite, Carbon War Room e The B Team. Eu poderia assistir a seus vídeos muitas vezes e, ainda assim, sentir-me nervoso. Ele nos enche de alegria e também nos lembra de que não estamos fazendo o suficiente por este mundo, nosso planeta ou a humanidade. Minha frase favorita de Branson: “Dane-se, apenas faça.”
Os brasileiros sabem se divertir. Quero dizer, se divertir mesmo.
Seja nas conversas individuais ou em pequenos grupos, até o bubble football, ou a contratação do show da pop star equivalente a Beyonce/Madonna, Ivete Sangalo, ou – sim! – uma tirolesa na qual qualquer um podia sair do fundo do teatro, deslizar sobre a plateia e terminar ao lado do palco… BRASILEIROS = DIVERSÃO. Isto JAMAIS aconteceria nos EUA. Na semana seguinte, já participando do IRCE, fiquei pensando tanto em como seria ter uma tirolesa cruzando um pavilhão com mais de 400 expositores, que sugeri sua instalação aos organizadores do IRCE.
O mundo é bem-vindo no Brasil, e os brasileiros sabem como demonstrar isso.
Os organizadores e a equipe da VTEX foram incrivelmente acolhedores e experientes, e possuem um futuro brilhante. Já estive em duas Olimpíadas – Atlanta e Sydney – e acredito fortemente que uma Olimpíada deve estar na lista de “coisas para fazer antes de morrer” de todas as pessoas. O espírito e o sentimento de humanidade universal, e a conexão, são inimagináveis até que você tenha essa experiência. Não estive nas Olimpíadas do Rio, mas acho que os brasileiros têm essa visão universal – e, certamente, a equipe da VTEX e o VTEX DAY que eles organizaram, foram mais dedicados à comunidade digital do que a eles mesmos. Parabéns e muito obrigado à equipe da VTEX!
Muito obrigado por me receberem! – Bernardine Wu, CEO da FitForCommerce