Com emprego do código em lojas virtuais, fraudes são coibidas e processo de compra se torna mais simples, beneficiando vendedores e consumidores.
O procedimento de compra em plataformas de e-commerce costuma ser o mesmo: selecionar a bandeira do cartão, digitar os dezesseis números e o nome impressos no plástico, data de expiração e código de segurança. Em alguns casos, ainda se inclui dados pessoais como documento de identificação, data de nascimento e endereço completo. Somente após todos esses passos, o consumidor está apto a finalizar a transação. Essas informações, disponibilizadas em rede, nunca estarão 100% seguras. No entanto, uma tecnologia de gigantesco potencial para diversas soluções – o QR Code – se apresenta como solução para tornar pagamentos no comércio eletrônico mais seguros e rápidos.
Desenvolvido em 1994 pela empresa japonesa Denso Wave, e popularizado mundialmente nos anos 2000, o QR Code – cujo nome vem de “quick response” (rápida resposta, em português) – é um código de barras que, por ser bidimensional, pode ser escaneado facilmente e conter grande quantidade de informações. No Brasil, o pioneirismo no uso do QR Code e em pagamentos móveis cabe à carteira digital PicPay, que utiliza o código para transações financeiras pelo celular desde seu surgimento, em 2012, e também para o e-commerce.
As carteiras digitais e os pagamentos via QR Code, por sinal, são bastante difundidos em alguns países, como China e Estados Unidos, e mostra-se uma das maiores tendências em nível mundial. Segundo a empresa de marketing digital Juniper Research, entre 2017 e 2022, o uso do código para pagamentos eletrônicos crescerá 300% globalmente.
Na China e na Índia, onde até mesmo comerciantes ambulantes utilizam os celulares para transações financeiras, o QR Code vem substituindo o dinheiro e os cartões de crédito e débito como forma de pagamento preferida. Segundo o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, de janeiro a outubro de 2017, foi registrado o recorde de US$ 12,8 trilhões em transações financeiras digitais no país. Nos Estados Unidos, o eMarketer informa que foram transacionados US$ 50 bilhões em 2017.
De acordo com o Relatório Sobre Pagamentos Globais 2018 da Worldpay, 13% dos gastos no comércio eletrônico no Brasil, em 2017, foram feitos com carteira digital. É estimada a transação de US$ 9 bilhões por meios móveis no País em 2018, e a previsão é que esse montante dobre em 2022. Incluindo as transações por desktops, o volume de negócios no comércio eletrônico deve passar de US$ 28 bilhões para US$ 39 bilhões nesse período.
VANTAGENS DA TECNOLOGIA
Sistemas de e-commerce constituem bancos de dados financeiros sensíveis, recolhidos de inúmeros clientes, e vulneráveis a ataques cibernéticos; logo, um grande alvo para hackers. Por esse motivo, comerciantes digitais, expostos a esse tipo de crime, precisam gastar altos volumes de dinheiro em ferramentas para proteção de seus sistemas. Da mesma forma que compradores não têm total garantia de que seus dados estarão seguros ao digitá-los em sites de compras, vendedores não têm a garantia de que os dados recebidos não estão sendo utilizados por criminosos.
No Brasil, o Mapa da Fraude revela que, a cada R$ 100 gastos em lojas online em 2017, R$ 3,42 sofreram tentativas de fraude – crescimento de 14% em relação ao ano anterior, o que torna o País um dos líderes mundiais em fraudes online. Não à toa, muitos brasileiros ainda têm receio de fazer compras em plataformas digitais. O uso do QR Code como método de pagamento no comércio eletrônico vem mudar esse cenário de incertezas e receios, mostrando-se vantajoso para ambos os lados do negócio.
No comércio eletrônico, como o processo de pagamento é realizado no celular do consumidor, após a leitura do QR Code, os dados pessoais não circulam pelo sistema do e-commerce, o que diminui as possibilidades de exposição das informações para hackers. O procedimento é muito mais rápido também porque não é necessário digitar manual e repetidamente todos os dados, que ficam guardados no celular do cliente. Para os vendedores, esse método de pagamento evita a preocupação por reter informações sensíveis dos clientes. E, se esses valiosos dados nunca saem do aparelho celular do consumidor, não há razão para hackers atacarem os sistemas das lojas online.
Sendo assim, a tecnologia atende simultaneamente a três anseios dos consumidores: segurança, facilidade de uso e rapidez. Como cada vez menos as pessoas precisam carregar seus cartões de plástico para realizar compras, o QR Code simplifica os pagamentos tanto em lojas físicas quanto no e-commerce. Para os empresários, o código ainda ajuda a melhorar a estratégia de negócio, direcionando o tráfico para determinada página. E, do ponto de vista social, essa tecnologia democratiza o acesso ao consumo – qualquer pessoa com celular com câmera pode escanear um QR Code – e promove a inclusão financeira da população, já que carteiras digitais, como o PicPay, não exigem que o usuário tenha conta bancária ou cartão de plástico.
Por Diogo Roberte, cofundador do app PicPay, empresa pioneira no uso de QR Code no Brasil.