Digital Commerce Experience mostra que a transformação digital do varejo só faz sentido quando gera negócios e faz o cliente perceber que é único
O presente já é um híbrido entre o físico e o digital. O Digital Commerce Experience (DCX), evento promovido pela VTEX em São Paulo no dia 19 de agosto de 2019, mostrou que a transformação digital do varejo já está em andamento e tem impactado fortemente o desenvolvimento das empresas e sua relação com os consumidores. Importantes líderes trouxeram suas visões sobre a digitalização do mercado e como esse movimento transforma as relações de consumo.
Digital, com toque pessoal
Na Hinode, uma das principais empresas de vendas diretas do país, as relações com os consumidores e com os revendedores têm uma forte influência do digital. “Os consultores realizam 2,5 milhões de pedidos online por mês e grande parte é entregue pelas franquias, que distribuem para os consultores. Além disso, se você nos buscar no Instagram, irá encontrar milhares de influencers. Aqui, a inovação digital não acontece de forma centralizada: é um trabalho coletivo”, conta Marilia Rocca, CEO da empresa. De acordo com a executiva, cada consultor tem liberdade para criar app, realizar sessões de treinamento ao vivo nas mídias sociais e atuar como achar melhor para desenvolver seu negócio. “Nosso posicionamento é alavancar a capacidade empreendedora de nossos consultores para que eles possam dar seu toque pessoal ao negócio”, comenta.
Com um crescimento de incríveis 34.000% nos últimos seis anos, a Hinode adotou um modelo único para sustentar essa expansão. Com 60% de representantes pertencentes às classes D e E, sem capital de giro para investir, a empresa desenvolveu franquias para estar mais próxima dos representantes nas ruas das cidades. “O modelo de franquias acelerou as vendas dos revendedores que não tinham capital de giro, pois há sempre um ponto de venda próximo dele, onde é possível se abastecer rapidamente”, afirma Marilia.
Mas uma grande transformação está a caminho. Por meio de uma parceria com a Loggi, o revendedor recebe, em 40 cidades, seus produtos em até duas horas. “Com as facilidades do digital, hoje é possível pagar por cartão, ou usar vários meios de pagamento na mesma compra. Como 50 mil representantes não possuem conta bancária, desenvolvemos uma conta digital para dar suporte a eles”, diz a CEO. “São várias estratégias focadas no crescimento dos negócios que têm um efeito múltiplo. Buscamos entender o que nosso representante precisa e nos adequamos a isso”, completa.
Coloque seus dados para trabalhar
Sem entregar produtos diretamente aos consumidores, mas tendo um papel importante em toda a cadeia de distribuição, a Intel vem há décadas estabelecendo a visão a ser seguida pelo setor de tecnologia. E, para a empresa, essa visão tem tudo a ver com o uso de dados. “Temos que estabelecer o contato com os clientes e, hoje, esse contato tem que ser feito de forma individualizada e em mão dupla. É esse relacionamento que irá direcionar nosso desenvolvimento de produtos e o marketing”, comenta Mauricio Ruiz, CEO da Intel. Segundo ele, essa relação de proximidade só pode acontecer em larga escala com o uso intensivo de dados.
“Quando investimos em uma fábrica, investimos cerca de US$ 8 bilhões e demoramos cinco anos para construir. Para decidir onde investir, precisamos de dados. Temos hoje uma das três melhores cadeias de suprimentos do planeta, melhor que quase todas as empresas de bens de consumo. Isso também só se faz com dados”, explica. Para Ruiz, a Inteligência Artificial trará ainda mais assertividade para o uso das informações dos consumidores. “Quanto mais dados são gerados nas lojas e nos smartphones dos clientes, maior a importância de saber o que fazer com essas informações. É fundamental estar apoiado em tecnologia para fazer o melhor uso dos dados que estão disponíveis e entender melhor o comportamento dos clientes”, acredita.
No final das contas, o intenso processamento de informações capacita os profissionais que estão cara a cara com o cliente a prestar o melhor serviço possível. “O varejo precisa usar inteligência e entender que tecnologia não quer dizer desemprego, e sim potencialização de negócios”, afirma Ruiz.