O Dia do Consumidor é comemorado mundialmente em 15 de março. No Brasil, ele ocupa lugar de destaque no calendário do e-commerce há alguns anos, inclusive já tendo sido ampliado para semana e até mês do consumidor por algumas lojas.
Em 2020, no entanto, a data coincidiu com o momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou a Covid-19 ao nível de pandemia, o que impactou as vendas de diversos segmentos de formas diferentes. Mas, antes de seguir com a análise do mercado, é importante esclarecer alguns pontos sobre a situação atual.
Mobilização internacional
A rápida disseminação por vários continentes e não a gravidade em si foi o que levou a OMS a modificar o status da Covid-19. E países do mundo inteiro tomaram medidas para conter o avanço do vírus: desde o isolamento de doentes e realização ostensiva de exames até o fechamento de fronteiras e restrições à circulação de pessoas.
Apesar de essas estratégias já estarem surtindo efeito – a China, epicentro da pandemia, já parece ter estabilizado o número de pessoas infectadas – ainda não se sabe quando a situação estará controlada. Por isso é fundamental que todos façam sua parte, cumprindo as recomendações da OMS e órgãos de saúde. Juntos somos mais fortes.
Impactos no comércio
Enquanto os efeitos da pandemia na vida diária são sentidos por todos, os impactos do novo coronavírus do comércio mundial a médio e longo prazo ainda são desconhecidos. Apesar dos diversos cenários possíveis, economistas são unânimes quanto ao fato de que tudo vai depender de quanto tempo a crise vai durar.
No curto prazo, porém, já pudemos identificar alguns movimentos que representam a mudança de comportamento do consumidor em tempos de incerteza. O varejo físico está vendo o fluxo de clientes reduzir a cada dia, por causa de medidas restritivas dos governos e do confinamento voluntário de boa parte da população. Na outra ponta, o varejo eletrônico tem experimentado comportamentos diversos, dependendo do segmento.
Semana do Consumidor
A Semana do Consumidor, que acontece no Brasil durante a segunda semana de março, é um recorte que mostra bem como o consumidor adaptou seus hábitos de consumo. A exemplo do que tem acontecido no resto do mundo, o varejo em geral experimentou queda nas vendas, mas alguns segmentos se destacaram.
Segundo um estudo realizado pela Cielo, drogarias e farmácias registraram, na semana de 9 a 15 de março, um aumento de 16,7% nas vendas em relação ao mesmo período de fevereiro. Outro destaque foi o crescimento de 13,6% nas vendas de super e hipermercados, seguindo a mesma base de comparação.
Enfrentando uma realidade oposta está o setor de turismo e transportes. O segmento, que tradicionalmente movimenta bastante as vendas da Semana do Consumidor, viu seu faturamento cair 41% na segunda semana de março comparativamente com com igual período de fevereiro.
Esses números seguem a tendência mundial em tempos de quarentena (forçada ou não): a procura por itens de higiene e cuidados pessoais tem crescido, enquanto produtos e serviços relacionados a viagens e programas ao ar livre tem sofrido as maiores quedas. Itens considerados supérfluos ou menos essenciais, como vestuário, cosméticos e artigos de luxo também sofreram fortes baixas.
De acordo com o relatório do Google divulgado em 17 de março, é possível identificar que, durante a Semana do Consumidor (quando a OMS elevou o status da Covid-19 a pandemia) viagens, esportes e móveis perderam espaço nas buscas para categorias do varejo relacionadas a artigos de limpeza, higiene pessoal e alimentos.
O Google divulgou um relatório em 17 de março que mostra a perda de espaço de viagens, esportes e móveis nas buscas durante a Semana do Consumidor (mesma época em que a OMS elevou o status da Covid-19 a pandemia). Em contrapartida, artigos de limpeza, higiene pessoal e alimentos tiveram um expressivo aumento.
Outro indicativo da mudança de prioridades do consumidor durante o alastramento do novo coronavírus é a falta de alguns itens nos estoques de lojas físicas e virtuais, como o álcool em gel. Tanto que a Ambev iniciou a fabricação do produto a partir de sobras da produção de cerveja, com objetivo de fazer sua distribuição nos hospitais públicos das cidades brasileiras mais afetadas.
O que esperar das próximas semanas
Ainda de acordo com o relatório do Google, é possível ter uma boa ideia de como o consumidor brasileiro vai se comportar nas próximas semanas. Isso porque o Brasil ainda está em um estágio anterior ao de muitos países que já estão enfrentando a crise há mais tempo.
Por exemplo, a tendência de crescimento das buscas por itens de limpeza e higiene vai se manter, acompanhada por quedas cada vez mais acentuadas no uso de palavras-chave relacionadas a produtos que não são vistos como essenciais. Moda, decoração e utilidades domésticas estão neste último grupo.
Por fim, conforme o período de isolamento social se estender, haverá um aumento na procura por itens de entretenimento, como games, brinquedos e artigos de informática. Este último especificamente ligado à crescente necessidade de fazer home office durante o período de quarentena.