No primeiro artigo dessa série, iniciamos a contextualização do momento de fortes mudanças que os negócios estão atravessando.
A economia colaborativa ou economia compartilhada, como também ficou conhecida, permite que as pessoas mantenham o mesmo estilo de vida, sem precisar comprar tanto, o que impacta positivamente a vida de milhões de pessoas.
A ideia por trás da economia colaborativa compreende questões e tendências como:
- Novas configurações sociais decorrentes do advento da internet e do relacionamento em rede;
- Preocupação com o meio ambiente e valorização de hábitos mais sustentáveis;
- Recentes crises econômicas de impacto global. Nesse sentido, compartilhar, emprestar, alugar e trocar substituem a ação de comprar, tornando o mundo mais sustentável do ponto de visa ambiental e financeiro.
A economia colaborativa
A especialista Rachel Botsman, autora do livro “O que é meu é seu: como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo”, diz que a economia colaborativa contempla três tipos possíveis de sistemas de mercado, a saber:
Mercados de redistribuição
Ocorre quando um item usado passa de um local onde ele não é mais necessário para outro local onde ele é necessário. Baseia-se no princípio da redução, reutilização, reciclagem e redistribuição de bens.
Estilos de vida colaborativos
Baseia-se no compartilhamento de recursos, tais como dinheiro, habilidades e tempo.
Sistemas de produtos e serviços
Ocorre quando o consumidor paga pelo benefício do produto e não pelo produto em si. Tem como base o princípio de que aquilo que precisamos não é um CD ou um DVD e sim a música armazenada neles. O que as pessoas precisam é do furo na parede, e não uma furadeira. Esse modelo se aplica a praticamente qualquer bem de consumo.
A economia colaborativa já faz parte do cotidiano das pessoas e dá sentido ao comércio colaborativo.
A economia colaborativa e seus impactos sobre os negócios
O comércio colaborativo, por sua vez, consiste na utilização da internet para integrar os processos de negócio de uma empresa com eventuais parceiros, fornecedores e clientes. É possível compartilhar:
– Planejamento e previsões;
– Gestão do inventário e gestão da cadeia de abastecimento;
– Design e desenvolvimento de produtos;
– Capacidade produtiva;
– Métodos de produção e manufatura;
– Processos logísticos.
Com isso, as empresas que utilizam o comércio colaborativo alcançam:
– Diminuição de custos;
– Visão completa do ciclo de vida dos produtos;
– A possibilidade de criação de novos produtos e serviços conjuntos;
– A possibilidade de incremento de negócios e a aquisição e retenção de novos clientes.
Apesar de parecer conceitualmente complexo, no nosso dia a dia, o comércio colaborativo tomou proporções épicas nos últimos anos, tornando algumas startups em grandes players de mercado.
São exemplos como a Uber, onde o motorista compartilha seu tempo e seu veículo em troca de dinheiro, para atender as necessidades das pessoas que precisam se locomover.
Há ainda negócios locais como o site brasileiro Joanninha, onde pais conseguem trocar brinquedos de seus filhos por brinquedos de outras crianças, e os sites Vakinha e Catarse (crowdfunding), que ajudam a angariar doações (financiamento coletivo) para causas, propósitos e projetos.
No âmbito corporativo, os desdobramentos da economia colaborativa são os mais diversos, e podem atrelar permutas contratuais, trocas de serviços entre as empresas, contratação de serviços colaborativos, etc.
Uma aplicação prática é o uso do comércio colaborativo para as entregas de mercadorias vendidas no e-Commerce. Nessa situação, uma empresa que precisa fazer as entregas decide não contratar uma transportadora tradicional com frota própria e contrata um serviço onde a transportadora usa os princípios da economia colaborativa para retirar as mercadorias e realizar as entregas.
No geral, as empresas de entregas rápidas através de motoboys e bicicletas nos grandes centros urbanos brasileiros usam a economia colaborativa para entregar as mercadorias dos varejistas.
Com o advento da economia colaborativa, as organizações tiveram que adequar seus modelos de gestão para suportar o viés dinâmico e não tão formal das relações. Isso impõe mudanças nos processos de negócio, nas alçadas dos departamentos e nos controles internos, para evitar fraudes e garantir compliance.
Para viabilizar o comércio colaborativo, as empresas podem integrar seus sistemas ERP, compartilhar ou complementar negócios e informações para tornar-se mais fortes conjuntamente, frente aos principais concorrentes.
Um bom exemplo é uma loja de autopeças que para ganhar a vanguarda de seu mercado deveria ter estoques, por exemplo, de todos os retrovisores, de todas as cores, de todas as versões, de todos os modelos, de todas as marcas de carros. Isso é praticamente impossível do ponto de vista logístico e financeiro.
No entanto, é possível integrar sistemicamente todos os estoques de todos os fabricantes e importadores de retrovisores e, com isso, essa loja de autopeças pode alcançar a profundidade de estoques necessária para atender as demandas gerais de retrovisores. Esse modelo se aplica à expressa maioria dos varejistas.
Esse é apenas um exemplo de como os princípios da economia colaborativa estão mudando os paradigmas de muitas décadas, onde o varejista era obrigado a comprar as mercadorias, aguardar o recebimento das mesmas, dar entradas nos estoques e só então começar a comercializar as mercadorias aos seus consumidores.
Os sistemas ERP, por sua vez, estão passando por profundas mudanças para suportar tais alterações de mercado. Os tradicionais sistemas ERP monolíticos e os sistemas legados não estão preparados para gerir de forma consistente os processos inerentes à economia colaborativa e engessam os negócios.
No livro “Sistemas ERP na Omniera – Inteligência no planejamento, na gestão e nas operações de negócios” é demonstrada uma nova classe de sistemas de gestão que foram idealizados para a Omniera e que já suportam tais modelos e geram resultados inovadores para as empresas.